A nova geração de cineastas portugueses, todos nascidos muito depois do 25 de abril, trouxe ao cinema português uma nova energia vibrante e uma perspetiva renovada para o cinema contemporâneo deixando uma marca muito própria, especialmente nas curtas-metragens que têm conseguido ao longo dos últimos anos grande reconhecimento e prémios nos mais importantes festivais de cinema.
O caso de João Salaviza: Vencedor da Palma de Ouro de Melhor Curta-Metragem em Cannes com “Arena”, é hoje um nome reconhecido por produções que exploram temas como a infância e a juventude em Portugal. Leonor Teles, Erika Nieva da Cunha, Basil da Cunha e José Miguel Ribeiro são alguns dos nomes que hoje fazem do cinema português uma bandeira de qualidade reconhecida, explorando uma ampla perspetiva de temas e estilos, não deixando, no entanto, de celebrar a tradição rica do cinema português em contar histórias profundas e introspetivas como retratos identitários de minorias ou experiências muito focadas nas memórias coletivas.
Não se pode dizer que de Portugal saiam hoje produções de cinema popular e de grande público, mas representa uma cinematografia de marca única que tem contribuído para a diversidade e a inovação no cinema contemporâneo, explorando novas técnicas cinematográficas e ampliando os limites do que é possível contar através de histórias com identidade
A iniciativa do 2.° Fórum Português da Suíça, ao celebrar “50.° anniversaire de la Révolution des Œillets” em Renens confirmou num programa variados e de qualidade essa diversidade. Os filmes apresentados, “Maria Cobra Preta”, “Balada de um Batráquio”, “Russa”, “Estilhaços” e “2720”, resultaram num programa diferente e que permitiu uma ampla abordagem do caminho que o nosso cinema está a seguir a nível mundial. Após a exibição, foi possível no debate com estes jovens cineastas, perceber o que os move e inquieta como criadores num meio muito marcada pelas superproduções americanas onde o cinema português aos poucos tenta conseguir o seu espaço próprio pela diferença das temáticas e abordagens.
Mário Augusto, texto
Carlos Oliveira, fotografia