Chama-se Ana Rita Branco Conde da Nóbrega Gomes a candidata cabeça de lista do Bloco de Esquerda (BE) nas eleições para a AR pelo círculo da emigração na Europa. Tem 32 anos de idade, desenvolve software e é gestora de uma equipa de desenvolvimento em Bruxelas, onde reside há cinco anos. É natural de S. Sebastião da Pedreira, em Lisboa, apesar de ter ido imediatamente para a Amadora, que considera “a minha terra”.
De acordo com esta responsável, BE propõe “o aumento e reforço dos meios da rede consular, nomeadamente a nível dos recursos humanos e da digitalização; a melhoria dos serviços sociais; a eliminação da propina para o Ensino de Português no Estrangeiro e a garantia de gratuitidade dos manuais escolares adotados; o aprofundamento da missão e reforço dos recursos do Instituto Camões e da RTP Internacional; o aumento das assembleias eleitorais nos consulados para exercício do voto presencial e reforço do uso do voto postal; o teste de voto eletrónico à distância; a criação de programas e dispositivos de apoio a projetos culturais e sociais nos territórios da emigração; a ponderação das necessidades das comunidades emigrantes nas decisões estratégicas das empresas públicas, nomeadamente a TAP e a Caixa Geral de Depósitos, e a revogação das alterações ao Registo Nacional do Utente que impedem que cidadãos portugueses residentes no estrangeiro possam ter um registo ativo e, consequentemente, acesso a médico e equipa de família, assim como à gratuitidade no acesso ao SNS”.
Caso seja eleita, refere que “a comunidade portuguesa na Suíça, como as restantes comunidades portuguesas espalhadas pela Europa, terá a representação de quem conhece a realidade da emigração por dentro. O Bloco de Esquerda nunca deixou de lutar pelos direitos dos emigrantes na Europa e no mundo: apresentámos propostas para a gratuidade do ensino do português no estrangeiro como língua materna, para o reforço dos serviços consulares, questionámos imediatamente o governo da maioria absoluta sobre as alterações ao RNU que prejudicam o acesso dos emigrantes ao SNS e exigimos a sua revogação. Elegendo alguém que faz parte da diáspora portuguesa, estaremos ainda mais capacitados para fazer a diferença e garantir que os emigrantes portugueses na Europa nunca mais são esquecidos”.
O motiva a sua candidatura é, em primeiro lugar, a possibilidade de “mudar a realidade – que conheço por dentro – dos emigrantes portugueses que têm sido condenados ao esquecimento pelos vários governos do centrão político. Por outro lado, sei bem o que motivou a minha emigração: salários baixos, leis laborais exploratórias, falta de acesso à habitação, deterioração dos serviços públicos. Uma absoluta falta de perspetivas e partidos que, do centro à direita, insistem na estratégia de liberalização desenfreada que nos trouxe até aqui: privatizações, borlas fiscais para os muito ricos, cortes no investimento público e a inevitável austeridade para os trabalhadores que pagam esses desvarios. O Bloco sabe que não é essa a resposta. Queremos regular o mercado da habitação, investir nos serviços públicos, recuperar os direitos dos trabalhadores, subir salários – e apresentamos contas sólidas, não uma crença cega na mão invisível dos mercados”.
Ana Rita tirou a licenciatura em Engenharia Informática e de Computadores no Instituto Superior Técnico. Durante os anos no Técnico, fez parte de vários núcleos estudantis: O NEIIST, núcleo do meu curso e do qual foi vogal, o Grupo de Contacto com as Empresas do mesmo, do qual foi coordenadora e a Hacker School, com a qual colaborou. Quando estava quase a terminar o curso, fez um estágio de verão no BNP Paribas. Em 2015 iniciou a atividade profissional como consultora .NET numa consultora nacional, tendo emigrado em 2018 para Bruxelas, onde desenvolve software para companhias de seguros em .NET, sendo responsável pela gestão de uma das equipas da empresa onde trabalha.
A nível de ativismo, desde cedo que se identifica como feminista, progressista e defensora dos direitos LGBTQI+. Publicou textos de temática feminista em várias zines e blogs. Teve um podcast sobre a atualidade política com três outras mulheres de esquerda, chamado “Eu Não Sou Tua Mãe”, e publicou três ensaios no Setenta e Quatro: Sobre a influência de estereótipos de género na educação, sobre o sistema eleitoral português e sobre o caso Rubiales como espelho para um sistema sexista em decadência.
É natural de S. Sebastião da Pedreira, uma das muitas portuguesas e portugueses que nasceu na Maternidade Alfredo da Costa. É alfacinha de gema, mas com costelas raianas – de Chaves – e transmontanas – de S. João da Pesqueira. Foi com poucos dias para a Amadora e foi lá que viveu até aos 16 anos, altura em que os seus pais se decidiram mudar para as Caldas da Rainha em busca de maior tranquilidade. Aos 18 anos voltei para Lisboa, para estudar Engenharia Informática e de Computadores no Técnico. Morou com amigos nos Anjos até iniciar a sua vida profissional. Nessa altura “voltou a casa”, à Amadora, onde ficou até emigrar para Bruxelas.
“Agora, quando regresso a Portugal, são as Caldas da Rainha o meu pouso, na casa dos meus pais”, finalizou.