› Ígor Lopes
Paulo Alexandre Alves Oliveira tem 58 anos de idade, nasceu no seio de uma família de sete irmãos, sendo ele o sexto filho. Em Portugal tem familiares por diversos locais, como Murça, Mirandela, Vila Real, Chaves, Porto, Famalicão, Lisboa, entre outras localidades. Hoje, vive em Nyon, no cantão de Vaud, uma vila na margem do lago Léman.
Sobre a sua vida na Suíça, destaca ser “a de uma pessoa comum, tenho o meu trabalho, os meus lazeres, posso dizer agradável”.
“Viver na Suíça, como disse antes, é agradável, a minha integração foi muito facilitada pela minha facilidade com a língua, o que me favoreceu, tanto a nível profissional como pessoal, pois é bastante cara a vida na Suíça. Eu trabalho num escritório de Geometria, Arquitetura e Engenharia Civil na área de geometria e topografia, uma área bastante interessante”, comentou este cidadão português, que confessa que, “sempre que tenho oportunidade, convivo com a comunidade portuguesa, até porque considero extremamente importante”. Porém, Paulo considera que a vida social na Suíça é mais “limitada por diversos fatores”.
“Acho que a comunidade portuguesa é bem recebida de uma forma geral, valorizada a nível profissional reconhecido o seu sentido de responsabilidade, sim, pode-se dizer que somos bem recebidos”, defendeu Paulo, que costuma frequentar associações portuguesas e jantar com amigos e participar em festas tradicionais.
Quando o assunto é matar as saudades de Portugal, este responsável é enfático: “bem, matar as saudades de Portugal não se matam, as saudades não se matam, elas morrem connosco, vamo-la amaciando e convivendo com ela. Nos tempos atuais, com as redes sociais, está-se mais próximo, mesmo não estando. Eu, muitas vezes, sou um saudoso por natureza, aliás, na minha escrita, poesia e prosa, a saudade está bem presente. Para aliviar abro uma garrafa de Porca de Murça, meto umas castanhas no forno, ouço uma música de Paulo Gonzo e escrevo”, elucidou este autor português, que vive sozinho depois de uma relação de 12 anos. Não tem filhos, por diversas razões. “O meu modo de vida, filosofia de vida, certo ou errado, vá-se saber”.
Ao regressar a Portugal, Paulo diz sentir uma “alegria enorme, prazer, emoções, um conjunto de sentimentos, é o regresso ao ninho”.
“Penso em regressar a Portugal num futuro próximo, já estou a preparar o meu regresso”, confessou Paulo, que, na Suíça, conquistou “uma boa situação profissional, um bom meio sociável e, principalmente, reconquistei-me a mim”.
“A Suíça para mim significa reconstrução, dignidade, como país, posso dizer que é uma doce madrasta”, frisou.
Paulo revela que a imagem que tem de Portugal é de um “quadro cheio de cor até o ar está desenhado, se a Suíça é uma doce madrasta, Portugal, a mais delicada e carinhosa mãe, expressado no rosto da nossa gente, mas não posso deixar de dizer que me entristece muito a atitude dos políticos portugueses, mas o país é um quadro de uma extrema beleza”.
“Eu vim para a Suíça, acho que como grande parte dos emigrantes, por questão financeira, estabilidade, mas também porque conheci o país com 18 anos de idade na época Genebra e houve logo um “coup de foudre””, explicou.
No que toca ao futuro, Paulo espera poder ter a oportunidade de “recordar o presente com um sorriso”.
“A diferença entre viver na Suíça e em Portugal para mim é que de uma certa forma na Suíça a vida é mais vazia, não digo necessariamente triste, mas mais superficial de uma certa forma. Quase posso dizer que em Portugal vivo, aqui, sobrevivo. A língua para mim não foi um problema, eu entrei na escola com cinco anos de idade em França, país onde vivi também por cerca de 13 anos. A língua não me pôs problema absolutamente algum, claro, morando na zona suíça, onde o francês é a língua corrente. O coração do emigrante vive em constante tic-tac e, muitas vezes, até sangra”, finalizou Paulo Oliveira.