› Adélio Amaro
Ana Vieira Leite nasceu em Braga e viveu na Suíça entre 2017 e 2022, concretamente em Genebra onde estudou na Haute École de Musique de Genève, sendo licenciada em Canto e Pós-Graduada em Estudos de Ópera e Mestrado em Interpretação Artística pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, no Porto.
O seu gosto pela música despertou aos 6 anos de idade quando começou a estudar no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, a tocar violino. Com o passar do tempo, o gosto pela música foi aumentando cada vez mais. Aos 13 anos começou a compreender que a música poderia ser a sua vida. Foi com essa jovem idade que teve o seu primeiro concerto, a cantar a solo, “e a partir daí percebi que precisava de estar em cima de um palco para me sentir cheia. Cantar sempre foi muito natural por isso continuo a ser feliz nesta profissão”, segredou a Ana ao Gazeta Lusófona.
Em 2017 venceu o “Prémio Helena Sá e Costa” e em 2018 alcançou o primeiro lugar no “Concurso Internacional Cidade de Almada”.
Obteve, em 2020, o grau de Mestre em Concerto e nesse mesmo ano recebeu o prémio “Ville de Genève” pelo seu excelente trabalho na Haute École de Musique de Genève. Ainda em 2020, foi galardoada com o primeiro lugar no “Concours International de Chant Barroco de Froville” (França).
Todavia, foi em 2021 que a sua extraordinária carreira detonou para o sucesso com a sua estreia no papel principal em Partenope de Händel, sendo laureada pela Academia “Jardin des Voix” de Les Arts Florissants. Neste papel fez parte da digressão que teve lugar pela Europa sob a batuta de William Christie na temporada 2021/22 e no Festival de Lanaudière, Canadá, em julho de 2023.
Ainda com Les Arts Florissats participou em outros projetos que incluíram os papéis de Belinda em Dido e Aeneas, Eurídice em Orphée et Eurydice de Gluck e Aminta em Aminta e Fillide de Händel.
Desde então, afirmou-se como uma das principais jovens cantoras no campo da música barroca, apresentando-se no Grand Théâtre de Genève, na Ópera Comique e na Ópera Bastille Paris, no Festival de Lucerna, no Festival de Ludwigsburg, no Palau de Les Arts Reina Sofía Valencia, no Teatro Real de Madrid, no Gran Teatre del Liceu Barcelona, na Ópera Real de Versalhes e na Philarmonie de Paris.
Ana em 2021, alcançou o segundo lugar no “Prémio Jovens Músicos” e o primeiro lugar no “Concurso da Fundação Rotária Portuguesa”.
Atualmente, Ana Vieira Leite desenvolve a sua carreira a solo, quer seja em ópera ou concerto, e canta com muitos ensembles de grande nome como Les Arts Florissants, já referido, e com os quais fez parte da 10.ª Academia Jardin des Voix. Recentemente lançou o primeiro CD do seu projeto musical La Néréide, juntamente com mais duas colegas/amigas que estudaram consigo em Genebra.
Além de todos estes projetos, em breve estará em algumas óperas nomeadamente a Ópera de Paris e o Grand Théâtre de Genève.
Quando questionada sobre projetos a curto prazo, rapidamente responde que pretende continuar a fazer o que tem feito que é “trabalhar com excelentes profissionais, em sítios extraordinários e com muita boa música”.
No entanto, não deixa de sonhar em “vestir vários papéis em ópera, que o meu trabalho possa ser ouvido por muitas pessoas e continuar a cantar até já não poder mais”, enalteceu.
Para Ana Leite a Suíça tem a “cultura da música clássica muito mais enraizada do que em Portugal por isso existem mais oportunidades. Na Suíça as pessoas enchem teatros e igrejas para ver seja o que for, por isso existem muitos mais apoios culturais para que isso seja possível. Não é que em Portugal não existam bons teatros ou profissionais, mas infelizmente falta o apoio financeiro para que esses possam ter um bom funcionamento”, lamenta, reconhecendo que se tivesse apenas vivido em Portugal “o meu percurso seria completamente diferente e provavelmente não teria alcançado um terço do que consegui. Estou muito grata por todo o apoio que recebi na Suíça, principalmente na Haute École de Musique e das Fundações da qual fui bolseira, pois sem elas tenho a certeza que não seria possível”, desabafou Ana Leite.
Tem o apoio da Fundação Gulbenkian (Portugal), da Fondation Mosetti (Suíça) e da Fundação GDA (Portugal) e fez parte de diversos CD com Les Argonautes, o Ensemble Bonnecorde, o Divino Sospiro e Concerto 1700, sendo cofundadora e membro do Ensemble La Néréide.
Para a temporada de 2023/24 são de destacar vários projetos nos quais Ana Leite está envolvida. Terá a sua estreia como Créuse em Medée de Charpentier na Ópera National de Paris, papel que mais tarde cantará também no Teatro Real Madrid, assim como de Dalinda em Ariodante de Händel na Philarmonie de Paris, o Messias no Théâtre Impérial de Compiègne e um concerto na Salle des Concerts – Cité de La Musique com Árias de Concerto de W. A. Mozart, dirigidas por Paulo Agnew.