Ricardo Gaspar nasceu em Lisboa, no seio de uma família onde a «música era vivida em cada dia. Os meus pais e família próxima da parte da minha mãe são músicos, quase todos muito ligados à área vocal, e naturalmente isso expunha-me a um ambiente criado à volta dessa linguagem», explicou ao Gazeta Lusófona.
Desta forma, iniciou os seus estudos musicais muito novo, apenas com 8 anos de idade, na FMAC, com os professores Teresa Beatriz Abreu e Ricardo Mateus. Viveu e estudou na capital portuguesa até aos 21 anos de idade. Após se licenciar pela Escola Superior de Música de Lisboa, na classe do Professor Pedro Muñoz (2012), partiu para Londres onde tirou o mestrado, entre 2012 e 2014. No ano seguinte, com 24 anos de idade, mudou-se para a Suíça, onde atualmente vive em St. Gallen.
Todavia, entre 2009 e 2012 foi bolseiro da Orquestra Sinfónica Juvenil/Fundação EDP tendo-se apresentado a solo com aquela Orquestra. Como instrumentista de Orquestra foi membro da «European Union Youth Orchestra», colabora com a Orquestra Sinfónica Portuguesa e integrou, em 2012/13, o «String Scheme da London Symphony Orchestra», trabalhando com Maestros como Vladimir Ashkenazy, Pablo Heras-Casado, Semyon Bychkov, Sir Mark Elder, Gianandrea Noseda, Bernard Haitink e Valery Gergiev.
Numa formação constante, frequentou, ainda, cursos e masterclasses de viola com Anabela Chaves, Diemut Poppen, Garth Knox, Igor Sulyga, Thomas Riebl, Yuri Bashmet e Maxim Vengerov, e de Música de Câmara com Pavel Gomziakov e David Finckel. Ainda em 2012, foi vencedor do Prémio Jovens Músicos e do Prémio Maestro Silva Pereira/Jovem Músico do Ano, tendo-se apresentado a solo com a Orquestra Gulbenkian, a Orquestra Metropolitana de Lisboa e a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras. No ano seguinte, participou no 31º Festival de Leiria, interpretando a Sinfonia Concertante de Mozart, com Pedro Meireles, o maestro Rui Pinheiro e a Orquestra Gulbenkian e no “Young Europeans Concert” no «National Concert Hall em Dublin», tendo interpretado o “Lachrymae” de Britten com a Orquestra da Rádio e Televisão da Irlanda sob a direcção de Jean-Luc Tingaud.
Ao nível da música de câmara apresentou-se em recital na Casa da Música do Porto e em concerto no prestigiado «Wigmore Hall», em Londres, como «Principal Viola dos Royal Academy Soloists», tendo gravado, também com esta formação, um arranjo para ensemble de câmara da 2ª Sinfonia de Bruckner dirigido por Trevor Pinnock. É, ainda, membro do Trio Portucale com o qual ganhou o 1.º prémio de música de câmara|nível superior da 28ª edição do Prémio Jovens Músicos em 2014.
Neste último ano, Ricardo Gaspar terminou o «Master of Arts» – mestrado – na «Royal Academy of Music», em Londres, com o Professor James Sleigh, sendo-lhe atribuído o «DipRAM» – performance de excelência no recital final – o «Paton Award» e o «Sir Arthur Bliss Prize». Ainda em novembro de 2014, apresentou-se em recital no 42.º Congresso Internacional de Viola d’Arco, realizado no Porto.
Dois anos mais tarde, 2016, foi premiado no 12.º Concurso Internacional de Viola “Lionel Tertis”, na Ilha de Man, colaborou como chefe de naipe na Orquestra de Câmara de Genebra e participou no concerto do 70.º aniversário de Trevor Pinnock, no Wigmore Hall em Londres.
Durante os seus estudos foi bolseiro do «Santander Universities UK», «Helen Worswick Scholarship», «Leverhulme Trust scholarship» e da Fundação Calouste Gulbenkian, concluindo o seu percurso académico em 2018 na «International Menuhin Music Academy», na Suíça, com Ivan Vukcevic e sob a direcção artística de Maxim Vengerov.
Na qualidade de tutor/professor de naipe, Ricardo Gaspar colaborou, em 2015 e 2022, com a Jovem Orquestra Portuguesa, tendo-se apresentado a solo com a Sinfonia Concertante de Mozart nas «Konzerthaus» de Kassel e Berlim e com o Concerto para Viola de Alexandre Delgado no Festival Cistermúsica de Alcobaça, sob a direção do maestro Pedro Carneiro.
Prosseguindo uma forte atividade de música de câmara em colaboração com vários ensembles, tanto em Portugal como no estrangeiro, incluindo o “Ars Ad Hoc”. Ricardo Gaspar assumiu, desde agosto de 2020, o cargo de chefe de naipe da Orquestra Sinfónica de St. Gallen, na Suíça, sendo músico convidado da Orquestra da Tonhalle de Zurique, da Orquestra da Rádio da Suíça Italiana em Lugano e da “Estonian Festival Orchestra” sob a direção artística do maestro Paavo Järvi.
Trabalhando a «100%», como afirma, na Orquestra Sinfónica de St. Gallen – orquestra residente do Teatro de São Galo – participa em outros projectos como a Orquestra XXI, que reúne músicos portugueses a viver no estrangeiro, e no ensemble «Ars ad Hoc», um grupo «mais orientado para a música contemporânea, com foco particular na criação e encomenda a compositores portugueses», como nos explicou Ricardo Gaspar.
Quando questionado sobre os projetos que tem a curto prazo é firme ao referir que pretende continuar a «ser feliz e apreciar tudo de bom que a vida me vai dando! Sentir-me sempre agradecido». Já quando se fala no seu grande sonho na área da música, deu-nos a conhecer que «sendo músico de orquestra», tem uma «determinada perspectiva do conjunto, muito específica como parte integrante. Para mim seria um sonho ter a oportunidade de dirigir uma obra coral-sinfónica de grande envergadura, como o requiem de Mozart ou a nona sinfonia de Beethoven, e poder experienciá-las do ponto de vista do maestro».
Ricardo Gaspar, quando se tenta fazer uma comparação entre as oportunidades que Portugal e a Suíça oferecem na área músical, esclarece que «sendo a Suíça um país com mais recursos naturalmente surgem mais oportunidades. A verdade é que uma economia forte tem sempre possibilidade de alimentar uma oferta cultural muito mais vasta e abrangente que acaba por se traduzir em mais eventos, festivais e ciclos de concertos. É impressionante ver como na vilas mais pequenas pode haver um pequeno ciclo de concertos, mas com artistas convidados de renome. É uma realidade bastante diferente de Portugal, onde uma certa burocracia entope as vias de comunicação, e organizar torna-se mais difícil».
Já habituado a viver na Suíça, Ricardo Gaspar não consegue analisar se o facto de viver no país helvético lhe trouxe mais oportunidades do que se tivesse continuado a residir em Portugal. Contudo, entende que «seriam percursos diferentes» por serem dois países diferentes.