Ígor Lopes
Paula Alexandra Zacarias Afonso tem 52 anos de idade, é natural de Nampula, em Moçambique. Vive na Suíça há 33 anos. Está hoje no Cantão de Basel e é enfermeira. Conversamos com esta cidadã sobre a vida na Suíça.
Em que locais de Portugal tem família?
Família tenho na costa da Caparica e da parte do meu pai que é minhoto também no Norte.
Como é a sua vida na Suíça?
A minha vida na Suíça é modesta. Casa, trabalho. Trabalho, casa. Saio às vezes, mas é raro.
Como é viver na Suíça?
Viver na Suíça, para mim, não foi complicado. Adaptei-me bem. Aprendi a língua muito rápido. Eu sinto-me muito bem e a vontade na Suíça.
Em que trabalha na Suíça?
Sou enfermeira auxiliar, mas já trabalhei nas limpezas. Gastronomia, hotelaria. Depois de fazer o curso de enfermagem auxiliar, trabalhei cinco anos num lar de idosos. O que gosto de coração de fazer. Mas, neste momento, trabalho num hospital. Preparo material para as cirurgias. Entre outras funções.
Convive com a comunidade portuguesa na Suíça?
Sim, convivo com a comunidade portuguesa.
Como os portugueses são recebidos no país?
Bom, como são recebidos os portugueses na Suíça, eu vou falar por mim. Fui bem recebida. Nunca tive problemas. Como disse, adaptei-me e nunca senti algo de diferença.
Frequenta associações portuguesas?
Associações portuguesas, sim, frequento de vez em quando.
Como consegue matar as saudades de Portugal?
Bom, matar as saudades sim, vai se matando, mas, como nasci em África, é mais para aí que mato as saudades. Pelo menos, na comida.
Vive com a sua família?
Não, não vivo com a família. Sou divorciada, tenho um casal de filhos que já são grandes e independentes. Sou avó. Mas vivo sozinha.
Qual é o sentimento quando regressa a Portugal de férias?
Eu fui para Portugal de África e fiquei só dez anos. Depois, aos 18 anos, vim trabalhar para fora. De Portugal, tenho pouco ou nada.
Pensa em voltar a viver em Portugal algum dia?
Uma vez que tenho cá os meus filhos e netos, não. Não estou a pensar em viver em Portugal.
O que conquistou na Suíça até agora?
Na Suíça conquistei a língua, as pessoas e o meu bem-estar.
O que a Suíça significa para si?
A Suíça significa para mim o país que me acolheu, praticamente acabei de crescer aqui. São 33 anos já de Suíça.
Que imagem tem de Portugal?
A imagem que tenho de Portugal é para mim um país bonito. Boa comida e alegre.
Onde vive?
Vivo no Cantão de Basel, na Basileia.
Como e por que foi viver nesse país?
Vim para a Suíça com o objetivo de ajudar a minha mãe que ficou viúva nova e com quatro filhos. Eu, como a mais velha, senti-me na obrigação de sair e procurar trabalho.
O que espera do futuro?
Do futuro espero ter muito mais saúde para poder ver os bisnetos.
Qual a diferença de vida entre Portugal e a Suíça?
A diferença de vida entre estes dois países não posso falar muito, pois eu já cá vivo há 33 anos, mas posso dizer que, sim, o frio. Portugal é mais quente e tem praia.
A língua é um problema?
Não, nunca tive problemas ou dificuldades em aprender a língua.
Como a pandemia impactou o seu dia a dia e o da sua família?
A pandemia foi para muitos um grave problema. E contínua a ser. A minha filha, o marido e o meu neto apanharam Covid. Eu e o meu filho, graças a Deus, não. Mas deixa uma pessoa muito em baixo. Restrições, máscaras, enfim.
Por fim, como vive o coração do imigrante português na Suíça?
O coração de um português na Suíça vive o dia a dia. Razoável.