› Clément Puippe*
António Abrantes tem um mini-mercado em Bex (cantão de Vaud) há já 31 anos. O jornal “24 heures” publicou um artigo sobre este comerciante, um dos mais antigos desta pequena cidade. Os contactos com os clientes fazem parte da sua vida. A sua loja está sempre aberta, 7 dias por semana. Ele veio nos anos 90 para a Suíça e quis sempre ser independente. Realizou o seu sonho.
Conheceu Bex no início dos anos 90 num período complicado para esta região, com uma coabitação difícil devido a um centro de refugiados e com problemas de droga. As coisas acalmaram-se.
Clientela
de passagem
e clientela fiel
O seu espaço tem uma superfície de 120 metros quadrados e com três pessoas a trabalhar. Desde o princípio, a vontade do Senhor Abrantes era ter o que as outras lojas não tinham. Mas não indicou frente à sua loja “especialidades portuguesas ”. Ele defende a abertura e está também a propor muitos produtos da região, mas é verdade que muitas pessoas de diferentes nacionalidades residentes em Bex descobrem os produtos portugueses na sua loja. Ele confessa que a sua profissão mudou muito. As pessoas não fazem as compras aqui para a semana toda, não, elas só vêm buscar algumas coisas que faltam e sobretudo mais umas palavras. Aquelas conversas que querem ter porque passam a maior parte do dia sozinhas. No estabelecimento do Senhor Abrantes sente-se muito calor humano. A vontade de ajudar e a bondade. Tudo isso explica o seu sucesso e a sua longevidade neste negócio.
Visibilidade depois da publicação
dum artigo
Recentemente teve direito a um artigo de uma página no jornal suíço 24 heures. No seu artigo a jornalista refere que António Abrantes faz parte dos comerciantes mais antigos de Bex e que as pessoas voltam para comprar as suas especialidades que não são necessariamente portuguesas, mas sempre uma delícia: o seu frango assado, o doce de castanhas (as pessoas precipitaram-se para comprar depois da publicação do artigo), os pasteis de nata (uma evidência), todos os tipos de vinhos das diferentes regiões de Portugal, a pastelaria e o pão (vindo de um padeiro português), as sanduiches caseiras, o peixe congelado, o camarão, os rissóis, sem esquecer a carne e o queijo. Mil e uma razões para fazer compras nesta loja e sobretudo encontrar o dono.
Filosofia de vida muito positiva – apesar de tudo
“Tudo mudou e não há aquele respeito que havia na altura” segundo as palavras de António Abrantes que lamenta um pouco o desaparecimento do espírito de entreajuda no início da chegada dos portugueses na Suíça nos anos 90. Mas ele tenta cultivar a vontade de partilhar e dispor do seu tempo para conversar com os clientes. “Esta loja significa ma réussite (o meu sucesso em francês) e comecei de zero” acrescenta António Abrantes. E ele acaba a conversa com boa disposição e a rir-se “aqui fala-se também português com os Suíços para eles aprenderem”.
*Tradutor francês/português
cp@netplus.ch