Chegamos ao final de 2021, com algumas expectativas. No entanto, as últimas notícias têm sido devastadoras para o nosso bem estar psicológico. Volta-se a falar das mesmas medidas de precaução que tivemos nos últimos dois anos, incluindo fechar fronteiras. A quarta dose da vacina já é falada.
Chego à conclusão que pouco ou nada aprendemos com os dois anos que estivemos anulados socialmente.
É caso para dizer que estamos numa nova era e temos de apenas e só viver um dia de cada vez. Quando nos levantamos de manhã há que ouvir as notícias e só depois programamos o nosso dia.
Mas será que todas as notícias que ouvimos são verdadeiras? As fake news existem há muito mas agora parece que se tornaram numa prioridade moda ou prioridade! Instalando-se a confusão entre saber o que é verdadeiro e falso.
No entanto, chegamos aos últimos três meses de 2021 e mesmo assim muito foi conquistado. Claro, apenas para aqueles que foram vacinados. Os que não foram, continuam a ser penalizados e nem sequer ao mercado de Natal na Suíça podem ir, apesar destes serem ao ar livre e a máscara nem sequer ser obrigatória, pelo que mesmo os vacinados podem transmitir o vírus entre si.
Desconheço o que se passa além fronteiras.
Por outro lado, estou orgulhosa porque muitas associações da nossa Diáspora conseguiram sobreviver. Desejo-lhes que a motivação seja sempre a prioridade para assim darem continuidade ao que construímos, desde os anos 80.
Foi nesta altura que o verdadeiro Associativismo aconteceu e se prolongou até aos dias de hoje.
Agora com uma nova visão, objetivos atualizados e inclusive uma moderna farda. Ainda existem Associações que têm os associados fieis e contentes.
Os que sobreviverem na luta por manterem as portas abertas, dirijo o meu reconhecimento total e sinto-me orgulhosa de poder ir saborear a nossa gastronomia aos fins de semana. Esperemos que 2022 não vos ponha de nova à prova COVID. Seria quase entrar numa terceira * guerra nacional“, falando apenas deste País Helvético.
Nestes últimos três meses, preocupei-me em dar alento e coragem à nossa cultura folclórica e associativa. Entrei em contacto com vários grupos e a verdade é que está muito difícil a retoma dos ensaios.
Primeiro, pelo medo que se instalou com a doença e pandemia. Segundo, pelo regresso da terceira geração a Portugal. Há falta de músicos e, sobretudo, de homens para dançar. Por fim, porque também a juventude se habituou a outros costumes. Mas a esperança é sempre a última a morrer. Eu vou continuar a insistir. Parabéns a todos os ranchos que retomaram a atividade. É para mim uma honra ver-vos no ativo.
Marquei presença no local de ensaios do Rancho Folclórico de Lucerne, para dar força e animo. Para eles foi uma supressa, para mim um propósito.
Quero assim agradecer a forma encantadora, amável e recheada de tanto carinho com que fui recebida. Estávamos todos a precisar de um serão assim. Tivemos mesmo direito a um Vira Geral. Ficamos todos de coração cheio.
Fiz-me acompanhar pela Tatiana Cardoso, em representação do Rancho Folclórico de Arbon. A inspiração e alegria contagiante foi absoluta.
Um serão que mais pareceu um ensaio de preparação para um festival. Certeiros nos passos de dança. Coreografias perfeitas e com um ritmo genial. Perguntei se, de facto, tinham estado tanto tempo sem ensaios. Rostos e corpos dedicados no seu todo ao folclore…nada mais importava que deixar-se ir nas ondas das notas musicais. Vivacidade, alegria, entusiasmo, foi tudo maravilhoso. O ensaiador, José Carvalhais, e o presidente, Manuel Martins, bem como todo o grupo, demonstraram uma total cumplicidade e um querer ficar mergulhados no folclore a dar tudo para que este rancho siga o seu percurso. Parabéns ao seu membro mais novo, Cátia Vieira, que com doze anitos já faz maravilhas com o seu instrumento musical.
Pelo que vi, nada os vais impedir de continuar. Agora, falta saber apenas quando os festivais irão começar.
Sabemos que vamos ter ainda momentos complexos para ultrapassar, devido às causas que conhecemos.
Todos precisamos de um grande esforço intelectual para persistir.
Como em tudo na vida uns vão sair vencedores e outros não.
Este meu Recanto Helvético é, assim, dedicado a todo o movimento associativo. Envio toda a força que me é possível, para que sigam a vertente cultural, pois sem cultura a vida não faz sentido.
Um Feliz Natal a todos e que 2022 seja um ano de revelações e grandes surpresas.
Ao virar da esquina terão sempre alguém disponível para registar as vossas conquistas.
Sejam felizes.
Maria Dos Santos